"Repara que o outono é mais estação da alma do que da natureza." 🍁🍂🏵️ Carlos Drummond de Andrade
Um Pouco de Tudo...
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07 maio 2012
Melancolia.
A verdade é que eu não acordei triste hoje, nem mesmo com uma suave melancolia, está tudo normal. Mas quando fico triste, também está tudo normal. Porque ficar triste é comum, é um sentimento tão legítimo quanto a alegria, é um registro de nossa sensibilidade, que ora gargalha em grupo, ora busca o silêncio e a solidão. Estar triste não é estar deprimido.
Depressão é coisa muito séria, contínua e complexa. Estar triste é estar atento a si próprio, é estar desapontado com alguém, com vários ou consigo mesmo, é estar um pouco cansado de certas repetições, é descobrir-se frágil num dia qualquer, sem uma razão aparente – as razões têm essa mania de serem discretas.
Que nos deixem quietos, que quietude é armazenamento de força e sabedoria, daqui a pouco a gente volta, a gente sempre volta, anunciando o fim de mais uma dor – até que venha a próxima, normais que somos.
Marta Medeiros
Eterno amor.
Depois de 55 anos de casados, um dia ela foi morar junto com Deus…
Durante todo o velório os filhos choravam copiosamente, e ele não derramou uma lágrima, nenhum lamento. Se manteve firme ao lado do caixão o tempo todo.
Depois do enterro, os filhos o chamaram na sala e perguntaram como ele estava.
- Feliz. - Ele respondeu.
- Feliz? Como assim pai, feliz? A mãe morreu e o senhor está feliz? - O mais velho perguntou assustado.
- Sim, feliz. Porque Deus foi muito bom com ela. Ele a levou antes para que ela não sentisse a dor que eu estou sentindo agora.
Extraido
FERIDA EXPOSTA AO VENTO
É forçoso dizer que me faz falta
o poema que existe e nunca li,
como se alhures
brotassem coisas que não vi
e que distantes,carentes,
dependessem de mim.
Algo como se o intocado fosse a sinfonia
inacabada, mais: rasgada
como o quadro nunca esboçado, perdido
na abatida mão do artista.
O ausente é uma planta
que na distância se arvora
e é tão presente
quando o passado que aflora.
E a literatura, mais que avenida ou praça
por onde cavalga a glória, é um monumento,
sim, de dúbia estória: granito e rima,
alegoria ao vento, lugar onde carentes
e arrogantes cravamos nosso nome de turista:
-estive aqui, desamado,
riscando a pedra e o tempo
expondo meu sangue e nome
com o coração trespassado.
(Affonso Romano de Sant´Anna)
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