Um Pouco de Tudo...

12 maio 2012

A CAVALGADA



A lua banha a solitária estrada…
Silêncio!… mas além, confuso e brando,
O som longínquo vem se aproximando
Do galopar de estranha cavalgada.
São fidalgos que voltam da caçada;
Vêm alegres, vêm rindo, vêm cantando,
E as trompas a soar vão agitando
O remanso da noite embalsamada…
E o bosque estala, move-se, estremece…
Da cavalgada o estrépito que aumenta
Perde-se após no centro da montanha…
E o silêncio outra vez soturno desce,
E límpida, sem mácula, alvacenta
A lua a estrada solitária banha…

Raimundo Correia

Fato...



" Nenhum homem é uma ilha,somos todos parte de um continente.A morte de qualquer indivíduo me diminui como ser humano,portanto,não me perguntem por quem os sinos dobram: eles dobram por você."

Ernest Hemingway

"Lista de Preferencias"


"Alegrias, as desmedidas. Dores, as não sentidas.
Conselhos, os dispensáveis. Casos, os memoráveis.
Domicílios, os temporários. Adeuses, os necessários.
Ódios, os mútuos. Orgasmos, os múltiplos.
Meninas, as lolitas. Mulheres, as bonitas.
Projetos, os contingentes. Prazeres, os transparentes.
Amigos, os loucos. Inimigos, os poucos.
Cores, o rubro. Meses, outubro.
Elementos, os fogos. Divindades, o Logos.
Vidas, as nossas. Mortes, as deles."

Edson Marques

Certas horas...




"Há certas horas, em que não precisamos de um amor.
Não precisamos da paixão desmedida.
Não queremos beijo na boca.
E nem corpos a se encontrar na maciez de uma cama.
Há certas horas, que só queremos a mão no ombro,
o abraço apertado ou mesmo o estar ali, quietinho, ao lado.
Sem nada dizer. Há certas horas, quando sentimos que estamos pra chorar,
que desejamos uma presença amiga, a nos ouvir paciente,
a brincar com a gente, a nos fazer sorrir.
Alguém que ria de nossas piadas sem graça.
Que ache nossas tristezas as maiores do mundo.
Que nos teça elogios sem fim.
E que apesar de todas essas mentiras úteis, nos seja de uma sinceridade inquestionável.
Que nos mande calar a boca ou nos evite um gesto impensado.
que nos possa dizer: acho que você está errado, mas estou do seu lado.
Ou alguém que apenas diga: sou seu amor, e estou aqui!"

William Shakespeare

Não pense!




Não, não pense que é sempre bom, não sou a-toda-boa, a toda alegre o tempo todo, a toda amorosa constantemente. Eu sou estranha, tenho gestos e pensamentos e encanações e neuras e filosofias viajantes e temperamento salgado e toda uma série de e’s que não consigo ajustar aqui, agora, pra você, talvez por não saber ajustá-los nem pra mim. Mas deixa isso tudo pra lá, eu e a minha estranhice, estranheza, estranhagem, estranhamento, estranhação. Estranha ação. É isso aí, sou cheia de estranhas ações. Uma delas é tentar explicar o sentido de uma coisa que nem sentido faz.”

-Clarissa Corrêa

O choro secou.


O choro secou. Um outono doce impera com seu aconchego de amor e lucidez, suaves. E esse abraço aveludado que chegou repentinamente, num calorzinho de cuidados e curas. Não restam mais feridas. A dor perdeu seu lugar na minha rotina e foi procurar outros rumos. Tenho novos sonhos e um sono novo e profundo. Suavemente tudo mudou de ritmo e celebrei o tempo de cada novo passo. A princípio tive tanta ansiedade, porque tudo parecia um turbilhão, mas de que adianta tentar pular aprendizados? Se é de poesia que o poeta precisa, vamos a ela e não mais à repetição de uma melancolia eterna e bem aprimorada. Chuva e sol, calor e frio: eis o equilíbrio da vida. Se eu nasci com o sorriso mais largo do mundo, não vou entristecer o meu olhar nem anestesiar minha alegria. O choro secou. Já era tempo de prestar mais atenção em outras cores, promover como prediletas outras flores e entrar no mar sem medo, furando a onda com respeito e repetindo a cena com entrega e confiança. Nada ficou fragmentado. Saí inteira e o amor em mim transborda: pele aceitando carícia, olhar brilhando com a menor das delícias. O toque é novo e a respiração tranqüila. Às vezes ainda ofego um pouco, mas quem disse que artista nasceu para sentir pouco? Importante agora é que o choro secou. Antes o meu pranto era cego. Tive que olhar longamente no espelho pra saber o que ainda poderia resgatar de mim. Não quis nada do que restou, quis o meu sorriso novo, minhas portas abertas e a vontade de saltar novamente no desconhecido. E hoje eu só choro se for de alegria.

Marla de Queiroz

Renovando para chegar mais longe!



 A águia é a ave que possui a maior longevidade da espécie. Chega a viver 70 anos. Mas para chegar a essa idade, aos 40 anos ela tem que tomar uma séria e difícil decisão.
          Aos 40 anos, ela está com as unhas compridas e flexíveis, não conseguindo mais agarrar as suas presas das quais se alimenta. O bico, alongado e pontiagudo, se curva. As asas, envelhecidas e pesadas, apontam contra o peito em função da grossura das penas. E voar já é tão dificil!
          Então, a águia só tem duas alternativas: Morrer ou enfrentar um doloroso processo de renovação que irá durar 150 dias.
          Esse processo consiste em voar para o alto de uma montanha, e se recolher a um ninho próximo a um paredão, onde ela não necessite voar.
          Após encontrar esse lugar, a águia começa a bater com o bico em uma parede até conseguir arrancá-lo. Ao arrancá-lo, espera nascer um novo bico com o qual vai depois arrancar suas unhas.
          Quando as novas unhas começam a nascer, ela passa a arrancar as velhas penas, e só após cinco meses, sai para o famoso vôo de renovação, podendo viver então mais 30 anos.
          Em nossa vida, muitas vezes, temos de nos resguardar por algum tempo e começar um processo de renovação.
          Para continuarmos a voar um vôo de vitória, devemos nos desprender de lembranças, costumes e outras tradições que nos causaram dor.
          Somente livres do peso do passado, poderemos aproveitar o resultado valioso que uma renovação sempre traz.


"Os que esperam no Senhor renovarão as suas forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão". (Isaías 40:31)

Idas e vindas.

 "Da velhice sempre invejei o adormecer no meio da conversa. Esse descer de pálpebra não é nem idade nem cansaço. Fazer da palavra um e...


"E que fique muito bem explicado. Não faço força para ser entendida. Quem faz sentido é soldado..."