Um Pouco de Tudo...

30 maio 2013

"A vida nos prega mesmo peças. Até ontem você estava aqui, tão perto, tão por dentro das coisas, tão bem. E eu não sei direito em que momento tudo mudou, só sei que não mais nos reconhecemos, nos olhamos e já não nos enxergamos. Sinto falta do que fomos." 

Clarissa Corréa
Tens a medida do imenso?
Contas o infinito?
E quantas gotas de sangue
Pretendes
Desta amorosa ferida
De tão dilatada fome.

Tens a medida do sonho?

Tens o número do Tempo?
Como hei de saber do extenso
De um ódio-amor que percorre
Furioso
Passadas dentro do vento?

Sabes ainda meu nome?

Fome. De mim na tua vida. 


Hilda Hilst in Cantares
"Quem nunca viu o dia cinzento numa manhã de sol raiante? Quem de nós não quis correr daqui para algum lugar muito distante? Um lugar sem início, sem fim, onde apenas o “meio” acontecesse, um tempo de agora. Um espaço preenchido, que parasse de contra correr. Um tempo de nunca mais ir embora. Mas quando sinto que até os anjos se entristecem, fogem-me as palavras. Ontem fomos, hoje somos, amanhã seremos e, depois não mais. Não mais aqui… Aqui, onde voa o tempo, onde correm os homens, atrás de…ad infinitum querer. Quem de nós dois, simples mortais? Atrás de “coisas” para ter o quê? Se olhassem pra dentro, menos precisariam. Buracos vazados igual peneira. Fome que não cessa diante de um banquete. Sede, sede…até na praia morrer. Mas, ainda nos resta a alma. Esta é perene, esta és tu! Disfarçada de arcanja, ninfa, esfinge, neste mundo oco e crú. E quando chegar a hora derradeira, de nascermos ou acordarmos em um mundo que comporte tu e eu, finalmente, uma certeza…Fora daqui, não há cor, nem vida. Ninguém vive sem um dia cinzento. Em um dia assim, até os anjos ficam sem ação. Feliz mesmo, é um reles mortal como eu, que se enamora ad infinitum da ilusão."



Marinez Full 
"Tendo-me despido de todos os meus mantos
Tendo-me separado de adivinhos mágicos e deuses
Para ficar sozinha ante o silêncio
Ante o silêncio e o esplendor da tua face
Mas tu és de todos os ausentes o ausente
Nem o teu ombro me apoia nem a tua mão me toca
O meu coração desce as escadas do tempo em que não moras E o teu encontro São planícies e planícies de silêncio.Escura é a noite Escura e transparente
Mas o teu rosto está para além do tempo opaco
E eu não habito os jardins do teu silêncio
Porque tu és de todos os ausentes o ausente."


Sophia de Mello Breyner Andresen

Mude



"Mudem dos 18 para os 30, mudem dos 30 para os 50, mudem, porque desconfiado a gente tem que ficar de quem não muda jamais. São tantas as informações e vivências que absorvemos durante uma única vida que é impossível que elas não nos façam refletir e alterar nossa rota.Infeliz de quem passa a vida toda sendo fiel ao que os outros pensam a seu respeito."

  Martha Medeiros

Idas e vindas.

 "Da velhice sempre invejei o adormecer no meio da conversa. Esse descer de pálpebra não é nem idade nem cansaço. Fazer da palavra um e...


"E que fique muito bem explicado. Não faço força para ser entendida. Quem faz sentido é soldado..."