Um Pouco de Tudo...

02 setembro 2012

Inscrição na Areia




O meu amor não tem
importância nenhuma.
Não tem o peso nem
de uma rosa de espuma!
Desfolha-se por quem?
Para quem se perfuma?
O meu amor não tem
importância nenhuma.

Cecília Meireles

O Teu Olhar nos Meus Olhos




Sempre onde tu estás
Naquilo que faço
Viras-te agarras os braços
Toco-te onde te viras
O teu olhar nos meus olhos
Viro-me para tocar nos teus braços
Agarras o meu tocar em ti
Toco-te para te ter de ti
A única forma do teu olhar
Viro o teu rosto para mim
Sempre onde tu estás
Toco-te para te amar olho para os teus olhos.

Harold Pinter

EU NADA SEI.





Não sei escrever tudo o que sinto,
mas sei sentir e com um amor imenso
cada pedacinho da vida.
Não sei amar de morrer porque para
mim amar é viver.
Não sei sonhar todos os meus sonhos,
só sei sonhar o que meu coração pede.
Não sei dar tudo de mim, mas me esforço
para dar o que posso.
Não sei quase nada da vida, mas sei que
é bom existir.
Tudo o que eu sei é que a vida é linda e
que enquanto houver um mínimo de ternura
para oferecer, a vida vale a pena viver.

(Letícia Thompson).


Dançarina Espanhola



Como um fósforo a arder antes que cresça
a flama, distendendo em raios brancos
suas línguas de luz, assim começa
e se alastra ao redor, ágil e ardente,
a dança em arco aos trêmulos arrancos.
E logo ela é só flama, inteiramente.
Com um olhar põe fogo nos cabelos
e com a arte sutil dos tornozelos
incendeia também os seus vestidos
de onde, serpentes doidas, a rompê-los,
saltam os braços nus com estalidos.
Então, como se fosse um feixe aceso,
colhe o fogo num gesto de desprezo,
atira-o bruscamente no tablado
e o contempla. Ei-lo ao rés do chão, irado,
a sustentar ainda a chama viva.
Mas ela, do alto, num leve sorriso
de saudação, erguendo a fronte altiva,
pisa-o com seu pequeno pé preciso.

Rainer Maria Rilke

Sonhando para o Inverno



No inverno, iremos num vagãozinho rosa
Com almofadas azuis.
Estaremos bem. Um ninho de beijos loucos repousa
Em todos os cantos macios.
Fecharás o olho, para não ver, pelo espelho,
As caretas das sombras noturnas,
Estas monstruosidades raivosas, grupelho
De lobos negros e demônios soturnos.
Depois sentirás a bochecha arranhada...
Um beijinho vai percorrer, como louca aranha,
De teu pescoço o canto...
E me dirás: "Procura!" inclinando a cabeça,
— E levaremos tempo para encontrar esta possessa
— Que viaja tanto...

Arthur Rimbaud

Idas e vindas.

 "Da velhice sempre invejei o adormecer no meio da conversa. Esse descer de pálpebra não é nem idade nem cansaço. Fazer da palavra um e...


"E que fique muito bem explicado. Não faço força para ser entendida. Quem faz sentido é soldado..."