Um Pouco de Tudo...

28 janeiro 2015


“Eu não gosto de abandono, por isso acolho.
Por isso recolho e não costuro sorriso porque chorar é preciso.
Porque não importa se o desenho é feio.
Ou se a ferida é doída.
Ou o dedo do meio foi pra mim.
Eu contorno e de um jeito ou de outro,
sempre tenho uma cor pra mudar a história.
E na vida, a gente aprende que quanto mais a nuvem pesa
e se enche de cinza, mais forte vem a chuva.
Ou o choro.
Sorte é ter um coração cheio de pancadas,
metido em tempestades e sujeito a trovoadas.
Esses sim são corações maduros e forte.
Não de vez.
Tenho um coração de todas as cores.
Que amanhece azul e adormece vermelho
ou bege ou rosa ou verde ou roxo ou…qualquer cor serve,
porque quanto mais cor no coração, aprenda:
mais coragem na vida.”

Não morro de amores por pessoas sem mistério... Quando se é muito transparente, muito risonho e educado é raro ser levado a sério... Prefiro os mais silenciosos, os que abrem a boca de menos, os mais serenos e mais perigosos, aqueles que ninguém define e que sempre analisam os fatos por um novo enfoque.  Prefiro os que têm estoque aos que deixam tudo à mostra na vitrine."                                      


 Martha Medeiros




Despedida da inocência



Cadê o menino que estava aqui? Cresceu. Foi para escola. Aprendeu a contar. Aprendeu a ler. Aprendeu a brigar com os amigos. Criou uma turma. Isolou-se no canto.
Cadê a inocência do menino que estava aqui? O menino cresceu. Ficou adolescente. Foi andar de skate. Levou um tombo. Ralou o joelho. Aprendeu a namorar. Terminou o namoro. Descobriu o choro. Tomou um porre. Conheceu a solidão. Foi andar de bicicleta. E cresceu. Foi para a faculdade. Entrou em crise. Criou uma banda. Foi morar sozinho. Inventou uma música. Não fez sucesso. Terminou o curso. Foi procurar emprego. Trabalhou em outro ramo. Conheceu uma garota. Ficou apaixonado. Fez um filho. Casou sem querer. Despediu-se das noitadas. Acordou nas madrugadas e cantou uma música. Comprou telefone, iPhone, tablet. Comprou um carro. Foi jogar bola e se divertiu muito mais.
Chorou de tristeza. Brigou com o amor. Separou-se. Pagou a pensão. Viajou de férias. Perdeu o emprego. Batalhou por outro. Ficou cansado. Ganhou estresse. Visitou a família e sentiu-se estranho. Mudou de religião. Ficou infeliz. Fez terapia. Namorou a psicóloga. Pediram um tempo. Voltaram cada um pra seu canto. Procurou um amor.
Cadê o menino que estava aqui? Despediu a inocência. Deixou a saudade. Largou o amor. Cadê o parquinho, a escola, a casa, a salinha de visita, o quarto, a cama? Foi bagunçada. Ocupada. Ficou vazia. Cadê a música na vitrola? Arranhou-se de tanto tocar para o vazio. Cadê o afeto? Morreu de solidão. Cadê a saudade? Sentiu dor e foi pra casa descansar. Cadê os abraços? Caíram no corpo sem ter ninguém para tocar. Cadê as mãos? Estão procurando uma nova distração por causa da ausência de outras para fazerem par. Cadê a alegria? Deu lugar à lágrima. Cadê o poema? Perdeu o poeta, que foi buscar a inspiração, o livro, a rima, o pincel, a harmonia que ficou sem lugar. Cadê o amor? Esse sentiu saudade de quando era simples, prático e funcional, ficou comovido e muito ressentido e pediu pra avisar que estará presente quando o mundo mudar.


Ita Portugal.



Idas e vindas.

 "Da velhice sempre invejei o adormecer no meio da conversa. Esse descer de pálpebra não é nem idade nem cansaço. Fazer da palavra um e...


"E que fique muito bem explicado. Não faço força para ser entendida. Quem faz sentido é soldado..."