Um Pouco de Tudo...

05 setembro 2011

Azul...Azul.



Então pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas
depois vesti meus gestos insensatos
e colori as minhas mãos e as tuas.
Para extinguir de nós o azul ausente
e aprisionar o azul nas coisas gratas
Enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas.
E afogados em nós nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço.
E perdidos no azul nos contemplamos
e vimos que entre nascia um sul
vertiginosamente azul: azul.

Carlos Pena Filho

O famoso homem nú de Curitiba

Pai, eu te amo.



Senhor me esvazia e me enche de Ti, me cobre com Teu rio, me enche com Teu bálsamo. Me reveste com o Teu fardo, que é leve e suave. Me dá o Teu coração e faz em mim a Tua vontade. Me desfaz e faz de novo, me renova, renova as minhas forças. Me enche da Tua presença, que a minha vida seja a Tua vida. Que eu diminua cada dia mais, para que o Senhor possa crescer em mim. Me tira tudo que não é Teu e me enche do que vem de Ti. Me mostra o Teu querer na minha vida e cumpra ele em mim. Seja tudo em mim Senhor, que a minha vida e o meu louvor sirva como oferta suave e agradável a Ti. Que o Cordeiro ainda receba a recompensa através de mim.
*Pai, eu te amo. Tu és o ar que eu respiro e sem esse ar é impossível viver. Ele me traz vida e força, traz ele pra perto de mim."

Balada para uma velhinha



Num banco de jardim uma velhinha
está tão só com a sombrinha
que é o seu pano de fundo.
Num banco de jardim uma velhinha
está sozinha, não há coisa
mais triste neste mundo.
E apenas faz ternura, não faz pena,
não faz dó,
pois tem no rosto um resto de frescura.
Já coseu alpergatas e
bandeiras verdadeiras.
Amargou a pobreza até ao fundo.
Dos ossos fez as mesas e as cadeiras,
as maneiras
que a fazem estar sentada sobre o mundo.
Neste jardim ela
à trepadeira das canseiras
das rugas onde o tempo
é mais profundo.
Num banco de jardim uma velhinha
nunca mais estará sozinha,
o futuro está com ela,
e abrindo ao sol o negro da
sombrinha poidinha,
o sol vem namorá-la da janela.
Se essa velhinha fosse
a mãe que eu quero,
a mãe que eu tinha,
não havia no mundo outra mais bela.
Num banco de jardim uma velhinha
faz desenhos nas pedrinhas
que, afinal, são como eu.
Sabe que as dores que tem também são minhas,
são moinhas do filho a desbravar que Deus lhe deu.
E, em volta do seu banco, os
malmequeres e as andorinhas
provam que a minha mãe nunca morreu.


Ary dos Santos

Idas e vindas.

 "Da velhice sempre invejei o adormecer no meio da conversa. Esse descer de pálpebra não é nem idade nem cansaço. Fazer da palavra um e...


"E que fique muito bem explicado. Não faço força para ser entendida. Quem faz sentido é soldado..."