Um Pouco de Tudo...

09 julho 2013

Dúvida



Eu duvido da felicidade escancarada. Duvido dos amores declarados aos gritos e também do ódio que arranca sangue dos olhos. Eu duvido de sorrisos largos que duram mais que cinco segundos. Pessoas realmente felizes não precisam provar pra ninguém que são felizes. Acredito que quando alguém precisa gritar seu contentamento para o mundo, está tentando na verdade gritar para si mesmo que é feliz, e talvez assim, ele finalmente acredite nisso. Às vezes os momentos mais preciosos acontecem por um breve momento onde o silêncio é a única testemunha que de fato você precisa. Quer dizer, o Sol não precisa te causar uma queimadura por dia pra dizer que sim, ele está lá. Muito embora seja preciso que por vezes alguém se queime para ter consciência de sua presença e poder. E é assim com a felicidade e todas outras coisas importantes. É bastante provável que você já tivesse que passar por dias muito tristes pra aprender a dar valor aos outros dias, que embora não sejam gloriosos, são bons só por não serem tristes; e só de lembrar disso, você já fica feliz. E não me leve a mal, mas dias tristes são essenciais apenas por existirem. Quem consegue suportar a ideia de uma vida sem lágrimas? Felizes ou tristes, o que há de mais importante nos dias é o fato nascerem e morrerem, um após o outro, pra sempre. E a continuidade é característica exclusiva do tempo, por isso duvide de tudo e de todos. E se permita mudar, sempre que possível. Não deixe que um dia determine toda a sua vida. Não dependa de rótulos nem de sentimentos só porque em algum momento eles te serviram. Não escancare quem você é e então experimente a sensação de ser o que você quiser.

Hoje, eu consigo olhar pro meu passado como uma espectadora. E apontar cada detalhe e cada erro e acerto e cada instante e sensação e fuga. As projeções que fiz, as dependências que criei, as compulsões que tive, hoje são um presente de maturidade e otimismo. Porque comecei a atrair pessoas, histórias e assuntos mais leves, saudáveis. E criei pra mim uma rotina de paz, e deixei de admirar muita gente e a apreciar outras. E vivi muita solidão, muita solitude, muito aconchego também. Hoje sou tão grata por tudo que doeu, por tudo que sangrou, pelo sono perdido.

Idas e vindas.

 "Da velhice sempre invejei o adormecer no meio da conversa. Esse descer de pálpebra não é nem idade nem cansaço. Fazer da palavra um e...


"E que fique muito bem explicado. Não faço força para ser entendida. Quem faz sentido é soldado..."