Um Pouco de Tudo...

05 fevereiro 2011

Pai e mãe podem ser maravilhosos quando enxergam nos filhos o que ninguem consegue ver,quando apostam que eles tem Ouro no coração apesar de só ser possível perceber o cascalho.

Dia das Mães- 2008.

Dolce amore Ilda.


Tristeza é mato em coração de poeta e de mulher. Por assim ser e porque não dizer, cresceu tal flora no coração de Ilda. Ora mal vividos, ora bem vividos até demais, seus vinte e dois anos comportam num só corpo a leveza e a sensualidade. Qualquer roupa lhe cai bem e a deixa sexy; estando em concordância peça com peça ou não. Maquiagem não lhe faz falta; nada lhe faz falta. Até lhe sobram os atributos para fazer insano o coração baldio de um homem desavisado. Mas este não era o seu desejo. Ela queria apenas o básico: Amar e ser amada.

Giovanni, que de desavisado não tinha nada e de poeta tudo, apoderou-se furtivamente do coração da jovem. Italiano naturalizado brasileiro, com um belo sotaque, ao final de toda frase dizia:

- Dolce amore Ilda.

Em cada verso torto fazia seus olhos brilharem. O tom rosado estava sempre presente nas bochechas da mocinha. Suas juras eram das mais juradas possíveis e as promessas das mais prometidas. Ele, já homem e com muita postura era incrivelmente sedutor. Ilda, ainda menina-moça, vivia imersa num mundo de sonhos e flores e não pensava em acordar nunca. Mas o poeta não pensava assim. Para Giovanni, a sua vida era só sua e não deles. Ela não fazia parte dos planos para o futuro. Era apenas, como ele dizia aos amigos:

- Amore di primavera.

Era somente uma bela flor que ele conhecera e não dispensara ainda por dó de perder a prenda. Não tardou e apareceram novas prendas na vida do moço que foi se desinteressando pouco a pouco, até que a deixou.

As bochechas rosadas nunca mais voltaram; a luz dos olhos se apagou; a inocência foi-se embora. A aparente doçura continuou estampada no rostinho angelical e na leveza dos movimentos, mas o veneno da mulher traída contaminava o seu sangue que engrossava dia a dia.

Foi de mocinha a vampira em pouco tempo... Agora era Ilda, a terrível. Nada mais a prendia e por nada se deixava prender. Liberdade e volatilidade eram os seus dotes. Não pertencia a ninguém apesar de ser de todos. Para ela o mundo não tinha fronteiras e todas as portas podiam ser abertas pelo seu corpo. Sentia-se poderosa. Dona de tudo e de todos. Se tristeza no seu coração era mato, homem na cama também era. A cada noite um homem; a cada manhã outro homem de coração partido.

A terrível era tão terrivelmente terrível que nem mais os poetas conseguiam domá-la. Fazia deles o que queria e quando queria. Depois se juntava às amigas num bar para contar as ruindades que fizera. Liene, a mais nova amiga, não concordava com o que a terrível fazia. Dizia a ela que não se julga a todos pelos atos de um só. Que o veneno em seu sangue acabava com a sua vontade de viver. As conversas entre as duas eram dramáticas. Uma quase agredia fisicamente à outra. Chegavam a gritar estando seus rostos a menos de dez centímetros um do outro.

Numa destas “conversas”, Liene disse aos berros que não acreditava que uma pessoa aparentemente tão boa poderia fazer aquelas coisas. Que aquilo era covardia, medo de viver. Foi quando Ilda começou a chorar.

Liene, arrependida por ter plantado mais tristeza no coração da amiga, a abraçou e pediu desculpas. De repente, sem aviso algum, um beijo. Dos beijos mais beijados de todos. Daqueles melosos e compridos, ardentes e adocicados. Beijo de esfoliar a língua até deixar lisinha mesmo. E mais um abraço, outro beijo... Ficaram assim, sempre abraçadas e a se beijar. Parece que o veneno da vampira só funcionava bem nos homens. Por fim, ironicamente, na doçura dos lábios de outra mulher é que a terrível voltou a ser a Dolce amore Ilda...

Eric de Almeida Bustamante.

A Arte e o Artista.








Velhice-Chega Mais Cedo do Que Voce Pensa.

Ela chega mais cedo do que voce pensa-
tudo fica mais distante agora do que antes.A esquina ficou duas vezes mais longe- e,no caminho,apareceu uma subida.Observo que desisti de correr para pegar o ônibus-agora,o ponto ficou mais distante.Parece que estão construindo escadas com degraus mais altos que antigamente,e voce já notou como as letras dos jornais diminuiram?Parece um absurdo pedir que alguem fale mais alto...todos falam tão baixo que mal consigo ouvi-los.As roupas ficaram muito apertadas,principalmente nos quadris.É praticamente impossivel amarrar meus sapatos.As pessoas estão mudando,parecem mais jovens do que quando eu tinha a idade delas.Por outro lado,as pessoas da minha idade estão muito mais velhas do que eu.Outro dia,encontrei uma amiga de datas;ela estava tão velha que nem se lembrou de mim.Eu me pus a pensar nessas coisas enquanto penteava meus cabelos hoje de manhã...olhei no espelho e não me reconheci,já não fazem mais espelhos como antigamente.
A gente sempre destrói aquilo que mais ama,em campo aberto ou em uma emboscada,alguns com a leveza do carinho,outros com a dureza das palavras,os Covardes destroem com um beijo,os Valentes destroem com a espada"

Idas e vindas.

 "Da velhice sempre invejei o adormecer no meio da conversa. Esse descer de pálpebra não é nem idade nem cansaço. Fazer da palavra um e...


"E que fique muito bem explicado. Não faço força para ser entendida. Quem faz sentido é soldado..."